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sexta-feira, 29 de abril de 2011

A Maljoga ficou mais pobre...

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Faleceu a ti Isaura (22/11/1924 - 27/4/2011).  Foi, pois, no dia 27 de Abril, em tempo Pascal, que o Senhor a chamou para si.

Os últimos anos foram de sofrimento... mas sempre aceitou com amor a vida que, mesma penosa, soube agradecer ao Senhor da Vida. A Maria dos Anjos (filha mais nova) e o marido com quem vivia desde o início da sua doença, há mais de meia dúzia de anos, foram testemunhas generosas do seu sofrimento. Que Deus a receba no Céu como a Maljoga a recebeu no Coração para o seu último adeus!

Em miúdo, convivi com a Ti Isaura e o Ti Carlos Correia na Maljoga... Tenho recordações do Elias e do Fernando ainda muito crianças... Com dez anos, saí para o Seminário e, não sei dizer em que altura, a Ti Isaura e o marido também rumaram a Lisboa, com os filhos, em busca de melhor futuro para a família. Com a  morte do marido, a ti Isaura foi mãe e pai para os seus filhos com igual amor e dedicação!

Nunca convivi com eles no Catujal onde viviam, mas sou testemunha de quem, em tempos de invernia, muito lhes agradece o tecto, o pão e a mesa em momentos difíceis em que, com a casa mal iniciada e porque clandestina tinha de ser habitada para evitar a demolição, era por eles frequentemente recolhido com a mulher e as filhas nos dias em que a chuva e frio não permitiam a vida na sua casa que, sem telhado e sem janelas, se tornava inabitável.

Sou testemunha deste caso... mas quantos mais não haverá?


Passados todos estes anos, sensibilizou-me, na missa de corpo presente, ver como a Maljoga foi abençoada na figura do seu neto, o padre Edgar, que presidiu à Eucaristia e falou da avó como só os netos sabem falar! A avó está no Reino que Deus tem preparado para todos aqueles que durante a vida o mereceram... E testemunhou o seu sofrimento, o seu amor à Igreja e aos sacramentos, a sua preocupação por cumprir o evangelho de forma a ser merecedora do prémio prometido para o último dia: "Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim".

... e ficaram-me a ecoar as palavras de S. Agostinho:

"Se me amas não chores.
Se conhecesses o mistério imenso
do Céu onde agora vivo,
este horizonte sem fi,
esta luz que tudo reveste e penetra,
não chorarias se me amas!"

A toda a família enlutada quero manifestar o meu pesar no que, penso, ser acompanhado por todos os Maljoguenses.

Joaquim