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terça-feira, 16 de agosto de 2016

Há Festa na Maljoga de Proença-a-Nova

Balada dos Sinos (Adriano Correia de Oliveira)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Adriano_Correia_de_Oliveira

O sino toca na aldeia
Reza a gente com fervor
O sino toca na gente
Na aldeia nasce amor.

O sino toca na aldeia
Reza a gente com fervor
O sino toca na gente
Na aldeia nasce amor.

Canta alegre a minha gente
Nasce amor na minha aldeia
Sino querido toca sempre.

Dobram sinos nasce amor
Reza o povo de contente
Há festa na minha aldeia
Toca o sino canta a gente.

Dobram sinos nasce amor
Reza o povo de contente
Há festa na minha aldeia
Toca o sino canta a gente.

Canta alegre a minha gente
Nasce amor na minha aldeia
Sino querido toca sempre.
https://www.youtube.com/watch?v=aXq1Tb-0J9U

Assim escreveu e cantou este canta-autor do Fado de Coimbra, na década de sessenta. Mas não foi para falar deste importante autor e intérprete já falecido que aqui ousei invocar a sua obra; foi, porém, para retirar do texto e da melodia, o mote para o que irei escrever de seguida.

Aconteceu uma vez mais a Festa de Verão da Maljoga de Proença-a-Nova. Festa já costumeira entre os poucos habitantes e os muitos familiares e amigos que nesta época se juntam para confraternizar em comunidade na associação local. À semelhança dos anos anteriores, montou-se o arraial na semana que antecedeu o evento com a ajuda de alguns voluntários e membros da direção da associação. O São Pedro pôs a coisa de feição, e debitou uns dias de calor valentes para que a bica da cerveja corre-se mais fresquinha. Mas nem os quase 40º destes dias fizeram demover os bailarinos de uma tarde e noite de sábado farta em danças. Dizia o João, músico e animador de serviço, que contabilizou oito horas de baile, em que havia sempre vários pares a dançar. Calhou-nos no repasto de sábado, uma bela chanfana de cabra à moda da serra, coisa bem típica da nossa terra, tendo sido oferta de um grande amigo e associado do Vergão, o Luis, mais conhecido pelo Buraquinho, como carinhosamente lhe chamam por estas bandas. Não chegámos aos duzentos comensais de há dois anos, mas ficámos pelos cento e um, o que é muito bom para uma aldeia com dezanove moradores. Na verdade, para que a festa seja farta, não precisam de ser muitos, precisa é de ser um convívio bem vivenciado e em comunidade, fazendo valer o espírito que sempre uniu as gentes da nossa aldeia. Para além do baile muito apreciado e participado, serviram-se petiscos, jogou-se às cartas, trocaram-se conversas, encontraram-se famílias, reuniram-se os amigos e toda a comunidade. Não faltaram filhós quentinhas, caracóis e outros acepipes para acompanhar umas imperiais fresquinhas que não deram descanso ao pessoal de serviço. Já para o final da noite, fez-se o famoso leilão das ofertas, tendo o famoso presunto sido rematado pelo amigo e conterrâneo Padre Rui Tereso.
No domingo, a celebração da missa pelos associados e familiares foi presidida pelo amigo e conterrâneo Padre Rui Tereso, que invocou a partir das liturgias o amor de Jesus Cristo , como forma de alcançar a paz interior, a serenidade, o amor ao próximo, a alegria da partilha e da entrega à comunidade e ao bem comum, como meios de libertação e salvação de cada um de nós. Palavras sábias e próprias de quem está atento aos tempos tumultuosos que vamos vivendo. Foi este mesmo sacerdote e amigo, que lançou o repto à direção desta associação para que no próximo ano, a propósito da celebração dos 20 anos do movimento associativo da nossa Maljoga, evocássemos nos dias 11, 12 e 13 de agosto o nosso padroeiro, Cristo Rei; e fizéssemos uma festa em seu louvou, casando em harmonia a festa religiosa e a profana. Foi com grande alegria e satisfação que os presentes acolheram a ideia, tendo a direção desta associação aceite o desafio com enorme entusiasmo. Fez-se ainda no domingo, a habitual sardinhada, não tendo faltado as carnes de porco grelhadas e boas saladas frias de batata e tomate, seguindo-se o baile pela tarde e noite adentro, tendo ainda sido feito o sorteio das rifas.
O sino da capela da nossa aldeia, tal como em muitas outras, simboliza união, comemoração, festa, amor e alegria na partilha do sentido cristão. Quando o sino toca, ele convida à partilha da palavra litúrgica que é amor, que é alegria e comunhão de uma festa, que a cada semana se repete. Lembro com particular carinho, nas minhas vivências de meninice e de juventude, a alegria e amor partilhada à saída da missa, quando homens e mulheres se cumprimentavam numa comunhão de contentamento, de alegria e de amor. A festa é isto, é comunhão, é partilha, e é amor..., em comunidade!

Rui Lopes
P'la Direção ACRDS Maljoga de Proença-a-Nova