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A Maljoga reuniu-se ontem, mais uma vez, para prestar homenagem a mais uma mulher que viveu e ajudou a edificar a Maljoga que adoramos. Tinha 94 anos e era seu desejo, dizem-me, morrer no dia de Todos os Santos. E assim aconteceu. Foi a enterrar ontem, dia da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos.
Ao evocar, na minha memória, a
Ti Neves Tereso, entendo melhor como o projeto de Deus vivido por ela e pelo Ti Joaquim Tereso,
enquanto família, foi um projeto de fé, de esperança, de amor ao "próximo", no sentido mais evangélico do termo. E a memória da sua vida de fé, que testemunhei desde criança, confirma a minha esperança de que, no fim, não pode estar a morte, o fracasso, o nada, mas sim a comunhão com Deus, a realização plena do homem, a felicidade definitiva, a vida eterna na casa do Pai.
Foi uma mulher na Maljoga... Tarefa que não era fácil nos meados do século passado! Para ela e para todas as outras que, como ela, tinham de governar uma casa com o quase nada que tinha de chegar para todos!
Dizem hoje os mais novos... Como foi possível, às mulheres da Maljoga, criar seis e mais filhos sem água canalizada, sem luz elétrica, sem casa de banho, sem televisão, sem rádio (o primeiro a chegar à Maljoga foi nos anos sessenta), com as ruas atapetadas de mato onde o convívio entre galinhas, patos e crianças e os pachorrentos bois se fazia com a maior das naturalidades? Aos incrédulos, eu acrescento que, nessa época, ainda não se falava em subsídio de natalidade, nem de aleitamento, nem abono de família, nem rendimento mínimo...
Diz-nos a Bíblia no capítulo 14 do livro de Provérbios, que cito de forma livre, que a
mulher sábia edifica a sua casa mas a tola a derruba com as suas próprias mãos. Na Bíblia a Sabedoria está com os humildes... e os louvores que tece à mulher sábia assentam muito bem às mulheres que, como a ti Neves, edificaram a Maljoga, terra que adoramos...
"Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor excede em muito o de finas jóias. O coração do seu marido confia nela... Ela faz o bem e não o mal, todos os dias da sua vida. Busca a lã e o linho e de bom grado os trabalha com as suas mãos. É ainda noite, e já se levanta, e dá mantimento à sua casa. Ela percebe que o seu ganho é bom; abre a mão ao aflito e a estende ao necessitado. Fala com sabedoria e a instrução da bondade está na sua língua. Atende ao bom andamento da sua casa e não come o pão da preguiça. Levantam-se seus filhos e lhe chamam afortunada; seu marido a louva, dizendo: muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas dominas.
Enganosa é a graça, e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada".
Em nome da Associação, e do seu presidente Rui Lopes, transmito sentidos pêsames ao seu marido, Ti Joaquim Tereso (que brevemente fará cem anos...), aos seus filhos, genros e netos.
Joaquim